sexta-feira, 26 de junho de 2009

QUARTA PAREDE Parte6



A quarta parede é uma parede imaginária situada na frente do palco do teatro, através da qual a platéia assiste passiva à ação do mundo encenado. A origem do termo é incerta, mas presume-se que o conceito tenha surgido no século XX, com a chegada do teatro realista.
Origem e significado
Apesar de ter surgido no teatro, onde os palcos, geralmente de três paredes, apresentam mais literalmente uma "quarta parede", o termo é usado em outros mídia, como cinema, videogames, televisão e literatura, geralmente para se referir à divisória entre a ficção e a audiência.
A quarta parede é parte da suspensão de descrença entre o trabalho fictício e a platéia. A platéia normalmente aceita passivamente a presença de uma quarta parede sem pensar nela diretamente, fazendo com que uma encenação seja tomada como um evento real a ser assistido. A presença de uma quarta parede é um dos elementos mais bem estabelecidos da ficção e levou alguns artistas a voltarem a sua atenção para ela como efeito dramático. Por exemplo, na peça The Fourth Wall de A.R. Gurney, quatro personagens lidam com a obsessão da dona de casa Peggy por uma parede em branco na sua casa, lentamente sendo desenvolvida numa série de clichés teatrais, enquanto toda a mobília e a ação em cena vão cada vez mais se dirigindo à suposta quarta parede.

Derrubando a quarta parede
O ato de derrubar a quarta parede é usado no cinema, no teatro, na televisão e na arte escrita, originado da teoria do teatro épico de Bertolt Brecht, que ele desenvolveu a partir (e, curiosamente, para contrastar com) a teoria do drama de Konstantin Stanislavski. Refere-se a uma personagem dirigindo a sua atenção para a platéia, ou tomando conhecimento de que as personagens e ações não são reais. O efeito causado é que a platéia lembra-se de que está a ver ficção, e isso pode eliminar a suspensão de descrença. Muitos artistas usaram esse efeito para incitar a platéia a ver a ficção sob outro ângulo e assisti-la de forma menos passiva. Bertolt Brecht estava ciente que derrubar a quarta parede iria encorajar a platéia a assistir a peça de forma mais critica, o chamado efeito de alienação.
Derrubar a quarta parede de forma súbita é um recurso bastante usado para um efeito humorístico Non Sense, já que tal efeito é inesperado em ficções narrativas e afins. Alguns acreditam que derrubar a quarta parede causa um distanciamento da suspensão de descrença a ponto de constatar com o humor de uma história. No entanto, quando usada de forma consistente ao longo da história, é geralmente incorporada ao estado passivo da platéia.
Essa exploração da familiaridade de uma platéia com as convenções da ficção é um lemento chave em muitos trabalhos definidos como pós-modernistas, que desconstroem as regras pré-estabelecidas da ficção. A ficção que derruba ou diretamente se refere à quarta parede muitas vezes também usa outros recursos pós-modernistas, como metalinguagem.
O recurso é muito usado no teatro improvisado, aonde a platéia é convidada a interagir com os atores em certos pontos, como para escolher a resolução de um mistério. Nesse caso, os espectadores são tratados como testemunhas da ação em andamento, tornando-se "atores", atravessando a quarta parede.
A quarta parede também é usada como parte da narrativa, quando a personagem descobre que faz parte de uma ficção e 'derruba a quarta parede' para estabelecer um contacto com a audiência, em filmes como O Último Grande Herói (Last Action Hero. Em situações como esta, a 'quarta parede' que a personagem derruba permanece parte da narrativa em si e a parede entre a platéia real e a ficção permanece intacta. Há casos também em que a criatura encontra o criador, como no período em que Grant Morrison escrevia as histórias em quadrinhos do Homem Animal. Histórias como estas não derrubam efetivamente a quarta parede, e sim apenas referem-se a esse recurso


BIBLIOGRAFIA
BRECHT, BERTOLD, Estudos Sobre Teatro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978
CIVITA, VICTOR, Teatro Vivo, Introdução e História. – São Paulo: Abril Cultural, 1976
MIRALLES, ALBERTO, Novos Rumos de Teatro. – Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979
SCHMIDT, MARIO, Nova História Crítica, Moderna e Contemporânea. – São Paulo: Editora Nova Geração, 1996
BOAL, AUGUSTO, Teatro Para Atores e Não Atores. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998
LAFFITTE, SOPHIE, Tchekhov. – Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1993
ROBERTO FARIA, JOÃO, O Teatro na Estante. – São Paulo: Ateliê Editorial, 1998
JANVIER, LUDOVIC, Beckett
BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro Grego - origem e evolução, Ed. TAB, 1980, RJ.
LANNES, Osmar Parazzo. Teatro Grero, Ed. Paumap, 1993, SP.

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